16.7.10

UMA MULHER À VOLTA DOS 30 ANOS NO METRO DE LX
Oh merda... Eles deram-te. Eles deram-te forte uma e outra vez, e depois mandaram-te para casa.
A tua boca quase disforme parece estar quase a falar, a queixar-se, a revoltar-se. Mas não. É só um jeito que vai ficando. Uma triste revolução não começada, que será, para sempre, o espelho da tua alma para o mundo.
Noite e dia
noite e dia
noite e dia
O metal
os ossos estilhaçados
o cérebro morto
para sempre
agora,
vai ser agora
Dourado, o sol bate nos muros brancos e calmos da cidade. 13º andar. As miúdas estão atarefadas a construir uma pequena piscina de plástico. Arregaçam as mangas e os vestidos como jovens mulheres da aldeia a trabalhar ao sol. Com os pés na água, vão cantarolando e sorrindo uma para a outra.
Música brasileira
num vinil antigo.
Um cigarro, uma mini
e uma varanda para a cidade.