25.1.10

Dias, estações, vidas, horas, milénios, corpos, galáxias. E o tempo vai correndo. Corpos que envelhecem, irritação, raiva, carinho, e outra vez, e mais uma vez. Olhos que observam. Pequenas paisagens intermináveis no relevo de uma pupila. Ruas cheias de gente, comboios em movimento, luta. Um gesto lento para acariciar o tempo.

23.1.10

SOHO (polaroids ao acaso) - Néons coloridos reflectidos no alcatrão molhado. "Do you want girls?" O circo irreal é tão real como o corpo de uma mulher. Dois homens de fato engatam miúdas de dezasseis anos. Risos, maquilhagem, saias curtas. Um broche na casa de banho. Um negro de maxilares viris solta um gesto feminino e lambe os lábios de um travesti com o cio. Alcool, poppers, cocaína, o fim de semana dura para sempre. Um inglês inconsciente deitado na estrada. O polícia sorri, sabe que está tudo controlado.
Uma prostituta chinesa à ombreira de uma porta, uma sirene, e a luz azul da ambulância.
Dois adolescentes muçulmanos descobrem a homossexualidade. Um tipo que come uma gaja chama os amigos para se juntarem à festa. "I wanna fuck too, baby".
Há vicios importantes que têm de ser saciados. Um tipo levanta o vestido à namorada para que eu lhe veja as mamas. Ela cora e sorri com ternura.

16.1.10

No final todos seremos loucos. Over and over again, e não há nenhum génio que não pereça à pequenez da sua grandiosidade. Se é assim, porque não derreter esta discreta tragédia com gestos simples de amor, e atenção. No fim, os outros serão sempre estranhos porque uns nunca são capazes de ser os outros. Se é inevitável, já sabemos à partida que a batalha está perdida. Então podemos ter calma, dar o tempo, olhar e ouvir e falar. E assim, devagarinho, vamos enganando o destino. E talvez, quem sabe, uma dia, quando os nossos olhos se encontrarem, sorriremos calmamente.

5.1.10

Merda. Onde é que eu deixei os meus óculos de sol?
Não quero chorar mais, quero respirar. Não tenho forças. O meu coração está pequeno e não quer bater. Preciso do teu amor